O Fiel Jardineiro

Para os grandes laboratórios farmacêuticos, desenvolver e comercializar um medicamento, capaz de combater grandes epidemias, é um investimento superior a milhões, mas que é capaz de gerar fortunas incalculáveis. E, infelizmente, é comum que medicamentos ainda não totalmente testados recebam a aprovação de órgãos reguladores, e cheguem aos mercados.

No entanto, o pior nisto tudo é saber que não existe um controlo adequado na aprovação dos medicamentos, e que, nos períodos de testes, a fiscalização se torna inexistente. É este o contexto em que se insere o filme O Fiel Jardineiro, de Fernando Meirelles.

Levantando um pouco o véu, a história deste filme desenrola-se no Quénia quando Tessa Quayle, uma activista, decide investigar os procedimentos de uma empresa, em testes a um medicamento contra a tuberculose, na população local. Suspeitando, que os habitantes mais miseráveis do país estavam a servir de cobaias numa experiência sem a menor segurança, Tessa decide denunciar as acções, de um importante laboratório mundial, às autoridades britânicas. A sua luta chega ao fim de forma trágica: no início do filme somos confrontados com a sua morte – um brutal assassínio, e passamos a acompanhar a trajectória do seu marido, um importante diplomata, em busca dos responsáveis pelo crime.

O Fiel Jardineiro é, um excelente filme, que acima de tudo suscita a nossa atenção para a realidade trágica que vivemos. É impossível, depois de assistir a este filme, ignorar o desastre social de um continente cuja população miserável é submetida a todo tipo de abuso, entre os quais, a exploração sistemática por parte de empresas ocidentais.

É um filme que aconselho vivamente!